Começaram a pintar as primeiras resenhas do novo iPad. Em geral, são entediantes e previsíveis. Resumindo, dizem o seguinte:
- A tela é sensacional;
- A conexão 4G pode ser bem rápida;
- A câmera é razoável;
- A tela é sensacional;
- O desempenho é bom, como o do iPad 2;
- A duração da bateria é boa, como a do iPad 2;
- A tela é sensacional;
- Não há Siri, apenas o recurso de ditado (speech-to-text);
- O peso e a espessura maiores, devido principalmente à bateria, não incomodam;
- A tela é sensacional;
- O novo iPad é o melhor tablet do mundo.
Esse tom monocórdio é uma pena. Gostaria de ter visto pelo menos uma ou outra análise dissonante. Com o tempo, porém, devem surgir abordagens mais variadas. Uma profusão de cabeças diferentes testará, analisará e pensará o novo iPad – e uma boa parte delas não precisará repetir o que já foi dito pelos críticos que receberam unidades de teste antes do início das vendas.
Enquanto isso não ocorre, leia abaixo trechos de algumas resenhas publicadas ainda ontem. Acho a questão do armazenamento especialmente interessante – é um problema que merece a atenção tanto de futuros compradores do tablet quanto de quem já tem iPhone ou iPad.
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Os vídeos ficam ótimos. Assistir a um filme em HD ou a um programa de TV no novo iPad é como ter um home theater no seu colo. (Bem, supondo que você tenha bons fones de ouvido, é claro. O alto-falante monofônico do iPad parece inalterado em relação ao modelo anterior.)
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Achei a temperatura de cor no novo iPad mais quente e mais amarela do que no iPad 2. Isoladas, ambas as telas pareciam perfeitamente normais. Apenas quando colocava o iPad novo e o velho juntos eu percebia que [a temperatura de cor de] uma era um pouco mais quente do que [a de] outra.
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O iPad 2 era muito mais rápido do que o iPad original, graças ao seu processador A5 de duplo núcleo. Mas o A5X que equipa o iPad de terceira geração realmente não oferece mais poder de processamento do que o seu predecessor. Em todos os nossos testes baseados em processador, o novo iPad rodou mais ou menos tão rápido quanto o iPad 2. (O que não significa que seja lento – eles são os dois dispositivos com iOS mais rápidos que existem.)
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As diferenças [físicas] que notei [em relação ao iPad 2]: o interior do conector do dock é prateado e não preto, e a câmera traseira é um pouquinho maior. Sim. É isso.
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No passado, disse a muitas pessoas que 16 GB é bastante armazenamento para a maioria dos usuários de iPad. Mas 16 GB não é o que costumava ser. Apps atualizados para conter gráficos no nível da tela Retina incharão de tamanho. Arquivos de vídeo em HD são enormes. Aqueles livros didáticos cheios de recursos podem ser enormes. E capturar imagens de cinco megapixels e vídeos em 1080p ocupará qualquer armazenamento restante rapidamente.
Ainda acho que a maioria dos compradores deve partir da suposição de que eles precisam apenas de 16 GB, mas depois têm que perguntar para si mesmos algumas questões. Qualquer um que pretenda carregar o aparelho com vários filmes em HD, gravar vídeos ou instalar um monte de aplicativos deve seriamente considerar uma capacidade maior. Mas muitas pessoas simplesmente não usam o iPad assim, e, para elas, 16 GB é o suficiente.
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Embora a nova bateria claramente não seja muito maior do que a antiga, ela pode armazenar muito mais energia (42 watts-hora versus 25 watts-hora). O ruim disso é que eu descobri que leva um pouco mais de tempo para carregar o novo iPad. Muitas horas – você provavelmente vai querer fazer isso durante a noite.
Outra pequena desvantagem que assumo ter relação com a bateria ou com a funcionalidade LTE é que, diferentemente de modelos anteriores do iPad, o novo iPad fica notavelmente morno no canto inferior esquerdo após uso prolongado. Nunca quente, apenas morno.
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A única desvantagem dos novos aplicativos prontos para a tela Retina é que eles ocuparão mais espaço. (…) E você deve pensar sobre essa exigência de armazenamento se estiver considerando comprar a versão de 16 GB do novo iPad.
Outra coisa a considerar: com o novo iPad, você obviamente vai querer versões em HD de filmes e programas de TV, e elas costumam ter o dobro do tamanho das versões em definição standard.
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No iPad que estou testando, tenho três páginas de apps, algumas centenas de fotos, um filme em HD e um álbum de música. Não é realmente muita coisa, mas isso ocupa mais de 20 GB de armazenamento. Só os apps são mais de 10 GB disso.
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A única questão real é: você deve atualizar se tiver um modelo anterior de iPad? Se você tiver o iPad original, digo que não há nem o que pensar. Se tiver o iPad 2, a decisão é mais difícil, pois ele parece quase tão rápido quanto o novo iPad. Mas, se optar por não atualizar (ou por gastar US$ 399 no iPad 2 de 16 GB), trate o novo iPad como se ele fosse a Medusa quando você estiver em uma Apple Store. Não. Olhe. Para. Ele.
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Esforcei-me após o evento [de lançamento] em juntar as palavras certas para descrever a tela e, uma semana depois, ainda não encontrei uma analogia apropriada. A única coisa que consigo pensar que se aproxima disso é comparar com a primeira vez que você viu uma TV de alta definição na vida. Lembra como foi surpreendente ir de uma daquelas TVs gigantes de projeção de definição standard para uma HDTV? É como se fosse isso.
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David Pogue, The New York Times
(Pior, cada app é geralmente feito em uma versão única e universal para todos os modelos de iPad. Então esses apps consumirão o mesmo espaço extra, inutilmente, em iPads mais velhos também – e até mesmo em iPhones, pois muitos apps são feitos para funcionar tanto no tablet quanto no telefone. Em outras palavras, usuários do iPhone também acabarão perdendo espaço de armazenamento por causa desse efeito cascata do inchamento gráfico.)
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O novo iPad é um milímetro mais grosso e 1,8 onças [51,03 gramas] mais pesado do que o iPad 2. É uma diferença muito pequena, mas dedos acostumados a segurar o iPad antigo vão senti-la, e isso é muito ruim.
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Junto com a coleção inigualável de 200 mil programas de terceiros projetados para sua grande tela e os extensos catálogos de conteúdo de música, livros, periódicos e vídeo disponíveis para ele, posso recomendar o novo iPad aos consumidores como a melhor escolha de um tablet de uso geral.
As exceções seriam pessoas que preferem um tamanho menor para uso com uma mão ou aquelas que acham o peso um grande ônus.
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Uma coisa que a Apple não solucionou: como todas as telas brilhantes de LCD a cores, esta ainda é ruim sob luz solar direta.
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Vou, no entanto, tomar um momento para me queixar de duas decisões de hardware que têm me incomodado desde o início. A primeira é a colocação do conector de fone de ouvido. Tenho certeza de que há muitas razões pelas quais a Apple escolheu colocar a porta de 3,5 mm no canto superior esquerdo (em retrato) / canto inferior esquerdo (em paisagem) do dispositivo, mas sinto que ele faria muito mais sentido na parte inferior. Em segundo lugar, seria legal poder encaixar o iPad em modo paisagem, mas isso exigiria uma segunda conexão de dock de 30 pinos na lateral do tablet.
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A tela tem uma resolução tão alta que pode até causar distração, de alguma maneira. Comecei a notar como gráficos podem ser ruins em qualidade e resolução em certos aplicativos e páginas na web. Comecei até a fazer uma lista de elementos gráficos que precisamos atualizar no Verge.
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O que mudou – e o que não mudou – nesta nova iteração do iPad revela as prioridades da Apple. Mais importante: como as coisas aparecem na tela, que impressão elas passam, quão suave elas se movimentam. Não importante: uma CPU mais rápida. Importante: processamento de gráficos mais rápido.
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50 gramas e seis décimos de milímetro são comprometimentos menores, mas são comprometimentos, e eles revelam as prioridades da Apple: é melhor fazer o iPad um pouco mais grosso e pesado do que deixar a duração da bateria ligeiramente menor.